terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

‘Terras raras” - São 17 os elementos que levam este nome usual até hoje, apesar de alguns deles serem comparativamente abundantes na composição da crosta terrestre. O Brasil foi a primeira grande fonte mundial desses elementos por meio de exploração das areias monazíticas localizadas em determinadas praias da Bahia em 1886. Tudo para atender a produção de mantas incandescentes de lampiões a gás, com enorme demanda na época. Nosso país foi o maior produtor mundial da indústria mineradora de terras raras até 1915, quando passou a alternar essa posição com a Índia durante 45 anos. Hoje, o principal fornecedor mundial é a China.

Deise Bastos Pasquarelli
Para o Diário de Catalão


Terras raras nas  minas de prospecção em Goiás


O termo ‘raro’ não é exatamente o que melhor descreve estes elementos, pois estão presentes na crosta terrestre em quantidade maior do que a prata, por exemplo. O  que é  raro mesmo, segundo conhecedores da área,  é encontrá-los separados.

O resgate do tema na imprensa nacional ontem (31), dá relevância ao Relatório feito por um grupo de trabalho do Ministério de Minas e Energia (MME), o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) e o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), entregue às autoridades no fim de 2010, aponta que entre os desafios brasileiros está o  desenvolvimento de novas tecnologias para aproveitamento desses elementos.
Há ainda a questão ambiental. Na produção de terras raras, produz-se também elementos radioativos, que exigem armazenamento especial.

De acordo com as informações veiculadas,  os  problemas associados à produção das terras raras a partir da monazita (um dos minerais em que esses elementos são encontrados no Brasil) são de natureza ambiental, notadamente o destino a ser dado aos rejeitos contendo urânio e tório.

Mercado

Em 2010, o mercado mundial de terras raras movimentou US$ 2 bilhões; um  estudo do Congresso americano aponta para uma demanda de 180 mil toneladas em 2012, com relação as 134 mil em 2010. Portanto, o mercado potencial para o próximo ano é de US$ 9 bilhões.

Com produção residual  de apenas 650 toneladas de terras raras em 2009, segundo últimos dados disponíveis, o Brasil estaria praticamente fora desse “momento”, apesar do título de terceiro maior produtor mundial. O segundo colocado é a Índia (2.700 toneladas).


Gadolínio, cério e túlio

São alguns desses elementos denominados raros e com os quais o brasileiro já se acostumou mesmo sem reconhecer. Estão nas telas das TVs em cores, nos celulares e até nos motores elétricos. Também são usados na indústria bélica, na fabricação de sistemas de orientação de mísseis, por exemplo. São importantes insumos da indústria de energia renovável  por serem empregados na produção de painéis solares e turbinas eólicas; usados também no processo de refino do petróleo.


Depósitos em Goiás, Amazonas e Rio

No Brasil, sabe-se de depósitos de terras raras em Catalão (GO), Pitinga (AM) e São Francisco do Itabapoana (RJ). É neste último que as terras raras são encontradas na chamada monazita.

O DNPM informou por meio de sua assessoria de comunicação, que as terras raras podem ser encontradas  na mina de prospecção da Vale Fertilizantes (Fazenda Chapadão, Zona Rural de Catalão).

Ainda, divulgou em Relatório que no contexto mundial, as reservas brasileiras representam menos de 1% do total e -  oficialmente conhecidas pelo DNPM -  as reservas nacionais pertencem às seguintes empresas: Mineração Terras Raras (6 milhões de toneladas de terras raras medidas, que resultaram em 30 mil toneladas de metal contido, com teor médio de 0,5% de TR = terras raras), Indústrias Nucleares do Brasil – INB (1,1 milhões de toneladas de areia com minerais pesados, medidas, que resultaram em 2,9 mil toneladas de metal contido, com teor médio de 0,3% de TR) e VALE (17,2 mil toneladas de terras raras medidas e indicadas, que resultaram em 9,3 mil toneladas de metal  contido, com teor médio de 56,7% de TR).


Onde são utilizadas
Suas propriedades únicas ocasionaram o  crescente uso em muitas tecnologias da vida moderna.  A produção de terras raras no mundo não é suficiente para atender a demanda do século XXI  - na produção de lasers, fibra ótica, drives de discos de computadores, lâmpadas fluorescentes, baterias recarregáveis, conversores catalíticos, chips de memória de computadores, tubos de raio-X, supercondutores de altas temperaturas e as telas de cristal líquido de televisões e monitores.

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